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Nos Andes argentinos, uma pista de pouso para receber alienígenas

Felipe van Deursen

26/07/2020 04h00

25º,05'S, 66º,10'O
Ovniporto de Cachi
Cachi, Salta, Argentina

A Argentina pode estar com aeroportos fechados até setembro por causa da pandemia, mas não vai ser um mero coronavírus que impedirá Cachi de receber visitantes extraterrenos. A cidade, na província de Salta, não fechou o seu "ovniporto". Até porque, ao que consta, ele ainda não foi usado.

O empreendimento saiu da cabeça de Werner Jaisli, um suíço que mora na região. "Eu estava em Fuerte Alto com meu vizinho Luis. Era meia-noite de 24 de novembro de 2008", explicou à imprensa local. "Dava para ouvir lá de baixo o barulho de uma festa no complexo esportivo. Do nada tudo ficou em silêncio, a luz caiu. Era escuridão total. 'É noite de ovnis', disse a Luis".

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"Nem tinha terminado a frase quando dois objetos luminosos avançaram uns 200 m sobre o rio Calchaquí. Eram sólidos, circulares, como se fossem de metal polido. Não sei por que, mas mentalmente pedi que se aproximassem. E eles o fizeram! Ficaram a uns 100 m sobre nossas cabeças e projetaram em nós um feixe de luz que fez a gente se ver com um brilho próprio."

"O curioso é que não afetava a visão. Algo começou a brotar no meu cérebro: era uma ordem. Me pediam telepaticamente que construísse o ovniporto."

(Crédito: Getty Images)

Jaisli fez alguns desenhos e logo começou a tirar do papel A Esperança, como ele batizou o projeto, localizado no sopé do Nevado de Cachi, montanha que atinge 6.380 m de altitude. Provavelmente, os cenários do Vale do Calchaquí inspiraram, com sua mistura de montanhas desérticas com florestas subtropicais.

A Esperança é uma estrela de 36 pontas, com 48 m de diâmetro, feita de pedras brancas. No centro, outras estrela, de 12 pontas.

Vista aérea do ovniporto (foto: wikicommons)

Ou seja, o ovniporto é basicamente um desenho no chão. Ainda assim, ele tomou quatro anos para ser concluído – o mesmo tempo que o Aeroporto de Ezeiza, o principal da Argentina, nos anos 1940.

(Crédito: Getty Images)

Então, quando a obra ficou pronta, em 2012, Jaisli desapareceu.

A conclusão de muitos foi óbvia. O suíço de Salta foi abduzido. Mas – não custa perguntar – teria sido por meio do ovniporto?

Cachi é uma pequena cidade 2.531 m acima do nível do mar, conhecida por suas montanhas, casas de adobe e edifícios coloniais brancos. Nos últimos anos, após a construção do terminal alienígena, ela também entrou no radar da comunidade ufóloga.

(Crédito: Getty Images)

Salta, província dominada por montanhas, florestas nubladas e planícies semiáridas, tem um histórico de avistamentos. Em 2018, em Rosario de la Frontera, o próprio chefe do corpo de bombeiros local filmou um misterioso objeto na neve que emitia luzes que variavam de cor, intensidade e trajetória. Segundo um ufólogo da cidade, consultado pelo bombeiro, tratava-se, claramente, de membros da civilização pleiadiana.

(Crédito: Getty Images)

Em agosto de 1995, milhares de pessoas alegaram terem visto um objeto não identificado bater no monte El Crestón, em Metán, após ter sido atingido por mísseis ar-ar. Um pequeno avião particular, que sobrevoava a área horas depois, também teria sido derrubado, mas por interferência eletromagnética. O relato está no livro The Mammoth Encyclopedia of Extraterrestrial Encounters (sem edição brasileira), de Ronald Story.

Detalhes da história, como o diâmetro de 180 m do óvni e os 200 mortos, minaram ainda mais a credibilidade. Mas, segundo Story, árvores levantadas, sulcos na terra e sinais detectados em sismômetros a mais de 140 km indicariam que algo de fato ocorreu. Equipes de resgate localizaram um objeto metálico no epicentro do incidente.

No dia seguinte, moradores flagraram pessoas falando em inglês no local, retirando um material delgado, metálico, semelhante a alumínio. De acordo com o livro, um jornalista de Salta afirmou ao jornal Crónica, de Buenos Aires, que "sem dúvida havia pessoal da Nasa aqui". Em 2019, o diário relembrou o caso, com detalhes à la Arquivo X.

Jaisli retornou a Cachi após anos desaparecido. O suíço explicou que precisou partir porque estava em uma situação perigosa e que não podia se despedir de ninguém. Passado o malogro, ele voltou a se dedicar a seu empreendimento interestelar. Os visitantes que vêm de mais longe, no entanto, são alguns poucos turistas estrangeiros.

Por enquanto.

 

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Agradecimentos a meu amigo Paulo Brasil, entusiasta da ufologia, pelos links compartilhados.

Sobre o autor

Felipe van Deursen é jornalista de história. Autor do livro 3 Mil Anos de Guerra (Ed. Abril), foi editor da Superinteressante e da Mundo Estranho e colunista da Cosmopolitan. Gosta de batata, de estudar e de viajar.

Sobre o blog

Os lugares mais curiosos e surpreendentes do mundo e a história (nem sempre tão bela nem tão ensolarada) que cada um deles guarda. Um blog para quem gosta de saber onde está pisando.